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Ser madrasta e ser padrasto é ser tanto!

  • Foto do escritor: Olga de Gouveia
    Olga de Gouveia
  • 3 de mai. de 2020
  • 3 min de leitura

Nós não decidimos ser madrasta, nós nos tornamos. Porque decidimos investir na relação com aquela pessoa que já tem filhos, sim, e precisamos ser bastante conscientes dessas outras vidas que serão afectadas pelas nossas escolhas.

Nós não acordamos um dia com um sonho para a nossa vida: quero ser madrasta/padrasto. Não, isso não acontece.

Suspiramos (profundamente) e sentimos uma tormenta de sentimentos, de rejeição, de não pertencimento, de amor profundo, de saudades, de tudo ao mesmo tempo.

As pessoas dizem que não entendemos, porque não somos mãe/pai. Está certo, nós não somos. Mas de alguma forma, bem dentro do nosso coração, entendemos porque nós sentimos.

Damos por nós a ler livros sobre a psicologia das crianças, tentamos conversar sobre os sentimentos deles, sentimo-nos em casa só quando eles estão, sofremos a mesma saudade que os pai deles sofrem quando eles se vão.

Dizemos eu te amo e nunca esperamos o “eu também”. Mas quando essa resposta vier entenderemos o sentido de se doar desinteressadamente.


Podemos escolher ser a namorada ou a esposa do pai deles, de repente. Ou podemos escolher ser a madrasta e estar ali, bem perto. E é isso que eu escolho. todos os dias


E agora faço das palavras de Ruth Manus as minhas:

"Ser madrasta e ser padrasto é ser tanto


Madrasta é aquilo que a nós nunca planeamos ser. Planeamos, quando crianças, ser sereia, ser princesa ser mãe, ser jogadora de futebol, ser tia, ser presidente da República ou astronauta. Mas madrasta não. Madrasta nunca esteve nos planos. Mas a vida é assim mesmo, cheia de curvas que nos levam a lugares inesperados. Lugares lindos, mas ainda assim desconhecidos e cheio de sombras, cavernas e dúvidas. E o posto de madrasta é um dos lugares desconhecidos mais incertos no qual nós já estivemos. Nós, que sempre tivemos a certeza de seríamos a pessoa mais "cool" possível, vemo-nos nesta estranha posição de haver dúvidas a nosso respeito, para as quais nós nunca contribuímos. De repente já não somos vistos como aquilo que sempre tivemos certeza de ser. Ser madrasta é dar banho. É cortar a comida. É ter brinquedos e pacote de bolacha aberto na bolsa. É ser acordada às 8 da manhã no sábado. É limpar o cócó. É ir buscar à escola. Ajudar nos trabalhos de casa. Aquecer o leite, esfriar a sopa. É pegar ao colo. É fazer praticamente tudo (ou tudo) o que os pais fazem, com a consciência de que você nunca vai usufruir da incondicionalidade da qual eles usufruem. Alguns de nós já contam com certas regalias. Ser convidado para as festas da escola. Receber um abraço no dia das mães ou do dia dos pais. Aparecer nos desenhos da família que eles fazem na escola. Outros não. Outros fazem tudo o que os pais fazem, mas seguem numa posição um pouco marginal, como se fossem bons o bastante para algumas coisas, mas não para outras. Definitivamente não é fácil. Ser madrasta é se apaixonar e se entregar para uma pessoínha que talvez nunca seja nossa. É ter que ser chata como os pais e nunca poder ter a leveza de uma tia, nem de uma avó. É ter que medir as palavras para chamar à atenção como os pais fazem sem pensar duas vezes. É ter um certo medo do futuro, de não saber se nosso amor seguirá sendo correspondido. E mesmo assim seguir amando. Na verdade isso nunca esteve nos planos de ninguém. Nem da mãe, nem do pai, nem da criança, nem da madrasta, nem do padrasto. Ninguém contava com isso no início. Mas esses rumos estranhos da vida nos colocaram aqui por alguma razão. E todos temos que aprender a lidar com isso, especialmente pelo bem das crianças. É preciso ter força, ter maturidade e ,frequentemente, colocar os nossos interesses em segundo lugar. Mães e madrastas não podem ser concorrentes, pais e padrastos não podem ser inimigos. Somos adultos demais para isso. Todos temos nossas inseguranças, mas elas não podem ser maiores que o nosso interesse de dar uma vida feliz e equilibrada aos pequenos (às vezes já não tão pequenos). Ser madrasta é ser muito. É tentar ser o melhor possível. Tentar não invadir o espaço alheio e ao mesmo tempo tentar demarcar o nosso. É cuidar com algum medo, caminhar com algumas dúvidas. É brigar diariamente com os estereótipos, é sofrer com os modelos Disney de madrastas. É uma corda bamba muitas vezes ingrata. Ser madrasta nunca esteve nos planos, mas o inesperado por vezes traz grandes presentes E não há presente maior do que olhar para eles e perceber que, entre trancos e barrancos, nós construímos uma relação de amor. "

 
 
 

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