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Éramos livres e não sabíamos.

  • Foto do escritor: Olga de Gouveia
    Olga de Gouveia
  • 29 de mar. de 2020
  • 2 min de leitura

Todos sabemos que resiliência é a capacidade de se recuperar de adversidades; é ir à guerra e voltar ainda mais forte, mais experiente. É cair sete vezes e levantar oito; é ser como água: fluir e se adaptar da melhor forma que puder. Mas o que não sabemos é o que fazer a este medo que nos percorre o corpo e que nos paralisa de uma tal forma que até a esperança está sendo posta em causa.

Ah, o medo, esse bicho papão, que vive no nosso pensamento, esse bicho que destrói e corrói. Mas sim devemos ter medo, pois a a falta do medo pode nos levar à destruição, a falta de medo cria a falsa sensação de segurança.

Nenhum ser humano devia estar na posição que os médicos estão, pois em vários pontos do mundo têm que escolher quem vive e quem morre. A que ponto chegamos? Como um humano decide a sobrevivência do outro? A estes seres que estão a tomar estas decisões dolorosas, um grande abraço e que possam um dia, mesmo que saiba que é impossível, vir a esquecer essa decisão tão macabra, tão injusta.

Um bem haja a vocês todos!!!

Éramos livres e não sabíamos. Tínhamos tudo e chorávamos por mais. É essa a lição que devemos aprender agora. Nada nos faltava e nós queríamos mais e vamos continuar querendo.

A fúria, percebemos agora, sempre esteve sobrevalorizada. A impotência dolorosa dos dias de clausura traz-nos a certeza de que o que faz mover o mundo é o amor.

Sabem o que é mais doloroso? o doloroso não é não ter, mas sim já ter tido. Já ter tido liberdade, abraços, beijos, risadas....já ter tido o mundo todo para nós e agora restar-nos apenas as quatro parede de casa.

Quando tudo isto passar seremos pessoas diferentes. Nada será como antes. Daremos muito mais importância ao afecto.Teremos a certeza o que é a falta de um abraço, de um aperto de mão.

Os beijos terão outro significado, gestos que nem sabíamos o seu valor nas nossas vidas e o quão importantes são para a nossa existência e equilíbrio. Saberemos que o dinheiro afinal não é tudo. Aliás, vale muito pouco.

Não vale a pena procurar um atalho, porque não há. Neste momento vivemos uma luta árdua, uma tarefa penosa. Temos que nos permitir evoluir, crescer, ser um ser humano melhor e isso só acontece se aceitarmos a mudança que toda esta fase fará em nós. O mundo muda a partir da mudança das pessoas. Enquanto os seres que o habitam não mudarem comportamentos, formas de conviver em sociedade, hábitos e preconceitos, o mundo continuará tal como está.


O segredo é ter coragem, ter a puta da coragem de ir contra o que nos assusta.

 
 
 

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